segunda-feira, 25 de junho de 2012

Amma e seu Vishnu


Mais uma sessão descontrole, não podia segurar um pilar para a casa evitar desabar. Esteve ao redor de toda aquela discussão incapaz de mover uma mão. Fagulhas de egoísmo impediam de desejar paz naquele lugar. Preferia os mundos separados, mas queria que tudo realmente acabasse. Rezava para que conseguisse dormir, sem nenhuma fera rugindo a noite. Pior ainda seria acordar com um tiro e estar banhado no sangue alheio. “Mais cedo me disse que eu era anjo, então se eu dormir com você impediria que algo de ruim acontecesse?”. Não era um garoto normal, isso estava claro. Gostava de como era embalado apesar de todo o medo de sua protetora à oferta- lhe carinho. Se ela não estivesse mais ali o que seria do menino? “Só você sentiria a minha falta” Ela disse soluçando segurando seu prodígio no colo quase que derramado como um bebê. E como se ele fosse criança, ainda o chamava de menino.
Ela gostaria de ter crescido na vida e não ter deixado tudo por um casamento. Ela faria tudo diferente nos tempos de hoje. Ela teria apenas um filho. No fundo, ela não sabe o que diz descontrolada em todo seu sofrimento. Acostumada com toda sua doença, aprendeu que certas coisas e palavras são piores que um tapa na cara. Adquiriu o reflexo do grito da amma. Aprendeu e ensinou a segurar a dor, mesmo que suas pernas sangrassem, ela ria debochando com o orgulho transbordando, achando aquilo lindo, não se daria por vencida tão fácil. Cresceu rodeada de pessoas e agora, ali naquele breu, seu filho, único filho que engolia sua mágoa e a dele também. Mantendo-se forte até que amma dormisse, já era hora de chorar com Deus.


Criando passos, criando contos
Buscando letras em seus braços.
Pintando telas, invadindo filmes
Cinema é ilusão menino! Desenrole essa fita!
Sentia-se bebê nos braços de amma, muito perto, tão natural
Não vou fugir, não tenha medo!
Porque a essa hora quem pega é o homem do saco
Já passaram das cinco.O alarme grita
Um monte de crianças foram jogadas no caminhão de lixo.
Aperte-me forte, não me deixe cair, porque sem você não posso durar aqui.

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