Estou quieto com
essas drágeas de nada, não são nada. Apenas eu de cara com um mundo atroz e
filho da puta. São satisfatórias por um momento. Isso funciona cara, com toda
essa maldição. Olhos caindo e vômitos verdes. Eu saio e escrevo com tinta preta
que mancha os dedos e eu odeio. Eu preciso expressar essas bombas de dentro,
esses danos casuais que me seguem por anos. Bizarrice aos olhos de quem me
rodeia, mesmo sentindo o mesmo que eu. Ninguém entende, poucos veem. Uma tensão
deliberada, veias desentupidas para não me dar mais um acometimento. Eu posso cuspir,
eu posso mandar o “foda-se”. Não estou nem aí com carapuças. Eu não escrevo pra
você, eu escrevo pra mim. Não me desgaste com perguntas, eu não advertirei de
nada.
Com decência me dispo de culpa e a mesma decência que
descansar em paz me parece longínquo. Eu bati a cabeça naquela parede, minha
irmã estava deitada. Eu não disse nada, mas pensava em jeitos de ser covarde. E
de que modo ela entenderia isso? Tão mais madura assim? Talvez não, a diferença
é pouca. Somos dois a querer ser poupados. Ou a gente corre, ou a gente morre.
Qual é, somos novos, mas que merda! Não se pode desistir no primeiro pesadelo.
1,2,3,4, sei lá mais quantos. Com uma infância e adolescência tão difícil, ainda tem piores, se isso
conforta.
Sou jogado no canto comendo cimento. “Aguenta filho da puta,
aí que você quis estar. ” Ah, mas é claro, comer cimento é meu sono, cresci
assim, estou acostumado. Ria ou chore, isso não é nada. Por uma necessidade, eu
ficaria. E ai ele vai lá e deita em sua cama, fugindo do piso gelado por estar
com os pés descalços e deita a cabeça no travesseiro com a consciência super
leve mesmo sendo um mentiroso, sem palavra.
Engraçado que cresci ouvindo sobre homem de palavra. Ele queria
me tornar um homem direito por um homem errado. Eu não entendo porque esta
garrafa permanece na sua mão se já está tão bêbado. Mas não importa, eu viro as
costas e tento esquecer senão piro. E eu não quero pirar nem perder uma perna.
Eu juro, mãe, eu prefiro que me mate e agora entendo todas as vezes que você
disse isso quanto á amputação.
E agora tudo está mudando e a gente não sabe se vai
continuar. Fico bambo entre a bandeira branca ou a guerra declarada de vez. Deixem-me
sozinho com meus pensamentos e minhas drágeas. Eu prefiro não opinar, não achem
que sou o ruim. Saiba que o sinal é verde. Mas é que dá medo quando as coisas
dão certo demais. Voar muito longe, o tombo é maior.
Veja esses olhares, eles estão te comendo vivo. Eu não ligo,
não devo nada. Passo por cima, falo o que tiver de falar. Eu não sou muito amigável
. Não me apresente, eu posso tratar como bosta, o que realmente são. Porque
estou estafado, sem paciência, a ponto de detonar como uma bomba. Não me
importo se é família, eu sou assim. Eu sou seu filho. O demônio em você está
dormindo, mas o meu está bem vivo. Eu sou o bico que vocês vêem, genético, me
sinto como meu pai. Mas ele não sabe mentir tão bem, isso puxei a minha mãe. Na forma de ser um monstro deplorável em
falas, os dois. Essa minha bonança tem fim. Odeio ser incomodado por quem não
deveria se meter em meu plano, ou se querem dar uma de juízes sendo sujos em
suas próprias vidas. Vão se danar com essa macumba, com esses olhos de dragões.
Eu também sei soltar fogo. “Ah bicho do mato, emburrado, ingrato, dando
patadas.” Na comida eu só cuspi, mas vocês põem veneno.
Mesmo o odiando muitas vezes, nunca o quis morto. “O
filhinho apaixonado” “o pai puxa saco” Quando isso acabou? Junto com tantas
coisas, junto com o fato de eu ter crescido. E aprender a peitar. Eu o vi
colocar tijolos para nos separar, o vi quebrar em menos de meia hora. Eu vi
tantas coisas e o que eu podia fazer? Sem nem tanto discernimento sem calcular
gravidade. Mas eram choros, eram desmaios e dramas de um lado e álcool, fezes e
grosseria do outro. Eu não posso esquecer. Eu tenho direito de ter receio pela
guerra. Agora eu sou maior que você, eu posso mais do que antes. Medo do que
posso fazer , te atacar, cuspir na sua cara ao invés da comida. Maior de idade
já me dá cadeia e quem diz que eu me importo. O medo de tudo começa por mim
mesmo.
Se eu tivesse uma arma igual a sua, talvez eu tivesse feito
o que você não fez. Assim como nos textos que te matei tantas vezes. Não duvide
eu faria mesmo. Então não chegue perto dela, não se cresça. Eu te amo, mas eu
te odeio muito mais. E ninguém aqui quer uma tragédia. Dois homens mortos numa
mesma sala.
Eu sou você, mas eu não quero ser. E quando falam de nossas
aparências, eu simplesmente odeio ser. Em papeis debaixo do colchão, eu
realmente sou você. E na capacidade de tragédias posso ser também.
Por um triz não viramos churrasco de gente. De repente se
isso tivesse acontecido lá há 15 anos eu não precisaria nem ser cremado. E você
teria coragem de dar um tiro na própria cabeça?
Perdoar, eu nunca vou perdoar. Se isso pudesse refazer minha
vida, eu realmente perdoaria se pudesse esquecer e não te ver como alguém que
pode queimar a própria família.
E ai me torno o fantasioso, o bitolado, o emburrado. Ninguém
sabe de metade das coisas que passei e eu não farei meu filho passar.
Passaram-se 27 anos e eu ainda como cimento. Eu só quero sair dessa merda de
lugar e que Deus possa me ouvir e me dê um rumo. Outro Estado, um caixão, eu
não me importo, nem tenho medo do que possa ter do outro lado. Eu quero ser
despedido. Quero partir de foguete. Um chapeleiro maluco, foda-se. Eu estou cansado
de historinhas. Eu quero que vocês se casem pela terceira vez e me deixem viver
em paz. Colocando bem a vista que eu faço o que eu quiser. Usar as capsulas. Encher-me
de tatuagens. Furar-me com um piercing não faz mal pra quem se fura o tempo
todo. Se descabela e se rasga como naquele dia lá no rio. Preocupadinhos? Vocês
mal me acharam. “Problemático de merda” Vocês não sabem quantas vezes eu quis
ser o cara do Elefante que saiu matando todo mundo da escola. Será que eu
ganharia um CANNES?
“Mas que bonzinho, por que escreve tão sombrio?” Se ferrar
você também. Eu não sei de onde minha paciência vem. Eu deveria ser como minha
irmã e vocês a admiram negativamente. É por isso que entendo, mas se falo
dou-lhe um infarto novo. Infelizmente pessoas não são criadas para ouvirem a
verdade. E só se alimentam de mentiras, fantasias, orgulho o tempo todo, é isso
que vejo. Sentimento de vitima, asco! Se um dia eu for como meus pais, me mate!
O fogo será todo em mim , beberei gasolina antes e não
errarei como ele em acender o fósforo.