As barreiras são altas, ásperas e há espinhos. É tudo uma
armadilha posta pela dona.
As pernas cansam, os sapatos gastam e os pés se esfolam. Algumas
unhas fincaram e se perderam. Desistir? Já passou pela cabeça, mas eu não desci
daqui.
Você me encontrou dormindo e em uma posição contrária, você
me acordou com uma palavra “intrigante”. Olhei em teu rosto e sua pele me
encantou, as feições de menina boa que se tornou má com um tempo e voltou a ser
boa e passou a mesclar. Alguns enganos e pedidos de desculpas. Algumas reclamações
por pedidos incessantes. Estamos aqui agora e eu estou em pé de frente pra você,
tentando te fazer parar de rir de tudo que não confias. Estou aqui tentando te
abrir porque você me abriu. E tentando te dizer que eu não vou parar de
escalar. Mas que tenho medo de estar indo para o lado errado. Medo de despencar
lá de cima? Não, não tenho medo da queda, cair de cara já fiz antes e voltei ao
mesmo lugar. A convicção se torna teimosia? Quem sabe é só o tempo mesmo que
dirá, não adianta forçar nada. Deite pequena, o banho lhe fez bem, o
travesseiro te fará melhor. Quando quiser me esbarre e me acorde com uma nova
palavra. Ficarei até dormir e partirei ao despertar.
Boa noite.
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