terça-feira, 25 de outubro de 2016

Obra Insólita

Vou escrever porque não posso falar, mas vou esconder nas palavras o tanto de rabisco e tentar manter as letras bonitas. E você não vai perceber o quanto estão tremidas. Nunca vai saber com que olhos olharam e se manchei o papel.
Vou escrever porque não posso recitar. Vou mentir porque já não é de mais valia. Vou me contentar porque a luta não é suficiente. Mas vou dizer-te que não é o suficiente apenas quando tão-somente um só lado luta.
Vou confessar que você não vale minha confissão. Então calar-me-ei, sem palavras e sem olhar. Rabiscarei o papel e tentarei desenhar pra mim, apenas pra mim, o que ainda não consegui entender.
Minha obra insólita, sem plágios porque é de coração e como este não encontrará.
Vou passar a frente o trono que era pra ser seu. Vou acordar, porque Alice morreu. Abdicação de reino, fúria das epopeias, voo do pássaro.
Rumbora, pois há cigarro pra abrasar.
Quando a moça passar diga que o lhe tira o ar e o que jamais tirará.

Eu escreverei como um infeliz e meus goles darei um a um. Traçando as nuvens de caminho, se não há árvores e se há espinhos. Mas se tiver, que tenha e me venha. É um lugar bom pra ficar. Longe do seu covil de fumaça, sou pássaro livre. Não mais tentarei te desenhar.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

(Eu preciso) Um minuto pra respirar

Por favor, espere
Eu preciso dizer uma última coisa.
Não adiantou rezar,
Nem chuva tinha, quanto menos graça de Deus.
Nós tentamos,
Nós chegamos até aqui
E eu não posso acreditar que de todos os fins este foi o pior.
Eu não posso continuar com meu sonho de um belo café da manhã.
Ao invés de dizer adeus,
Eu digo, encontrar-te-ei.
Quando as estrelas estiverem no céu tão brilhantes quanto teus olhos a olhá-las.
Cairei, rolando em teu rosto,
Mas não deixe que seja assim...
Voltarei em meu filho
Então tão tarde olhará em meus olhos,
Em meus olhos...
Pelos dele
Eu não estou dizendo Adeus
Isto é um Até logo
E nós seremos os mesmos, sem culpa
Do outro lado da fronteira
Teremos onde respirar.


sábado, 22 de outubro de 2016

Restarted

-Eu estive revisando a noite passada.
-Faltaram algumas vírgulas, eu vi.
-Faltaram pontos, as reticências...
-Você tem um toque do caralho.
-Eu queria te tocar, fiz quase tudo que tinha vontade.
-Maldito sino tocando!
-Acordei querendo te beijar de novo.
-Ainda quero...
-Eu preciso te sentir. Não tem como esquecer ou tirar isso da cabeça.


Todos os dias e noites inteiras

Tem hora que tudo acaba. Se não cuida, vai embora. E depois não adianta querer saber todos os porquês. Acabou, deixou morrer. Começando por uma vontade, um desejo, um beijo não dado. Seguindo o interesse em vias diferentes e mão dupla. Foi embora, acabou. Se era pra ser, não sei... Mas só sei que foi assim. E seria ridículo dizer que foi da noite para o dia.
Foram todos os dias e noites inteiras até que a corda se enrolasse no pescoço. Sem luta não se ganha batalha nenhuma, muito menos contra uma vida morna.