domingo, 27 de novembro de 2016

Paraíso Perdido- Sem memória

Não me importo com a água fria. Nem mesmo com minhas roupas molhadas. Aqui, parece tão calmo. Estranhei estar tão vazio.
Então surge alguém como um sistema de computador
-Estou dentro de um longa de ficção científica? Ou já se passaram mil anos?
-Eles não iriam querer alguém como você. Sua mente em curto- circuito.
- Eu me sinto grande
- Este é seu mal
Essa areia não tem fim e nem muita distância até o mar. Uma ressaca nos engoliria.
Talvez tenham desistido de nós, minhocas.
-Não, apenas peças de um jogo. Grandes simulações.  Se quiser pode chamar de ficção científica. Mas aqui, não há memórias. Não há vida.
-Uma prisão?
-Na verdade prisão é onde estão suas memórias. Temos que nos preparar para o caos. É mais fácil não ter sentimentos quando se enfrenta uma guerra.
Soldados sem uma personalidade. Escondidos da vida.
Percebi que aqui não faz sol e também não chove. Estamos horas caminhando e não anoitece. Estarei sincronizado há algum programa? Talvez devesse cavar uma rocha ou talvez me afogar. Mas então, eis a saída.
-Não me surpreenderia, sr mente estragada, covardia fazer seu estilo. Você é só uma alma. Teu corpo está em algum lugar por ai. Encontre suas memórias e não deixe seu corpo ser comida de vermes. 

Perambular sem identidade e com a mente apagada, é como nascer de novo sem mentores pra te ensinar como viver. Entrei no grande portal em buscar de descobrir quem sou e uma forte dor de cabeça me derrubou. Estou no chão e não consigo levantar. Meu Deus! O que eu fiz?

Na fila do pão

Costumo ser o otário. Olha aqui eu numa fila quilométrica por um pão. O soco na cara não me rendeu. Eles estão todos certos e agora é meu preço a pagar. Lidar com o vinagre nos olhos e com a dança das bailarinas com essa agulha em meu peito. Agora não posso ir pra casa. Mas me fingirei patente até que eu possa encontrar uma saída. E a qualquer custo eu acharei. E quando eu estiver gostando realmente de viver, abandonar-te – ei.

Paraíso Perdido- Nascimento

Você está ai parado com a mente em fragmentos. Lidando com o fracasso de ter pecado , de ter seguido o caminho da serpente. Mas você não sabia do veneno, você não tinha conhecimento da peçonhenta acobertada pelo amor. Mas há sempre mentiras, Adam. Até no amor em plena confiança no paraíso.
Fragmentos que não se colam mais, não coincide. O mundo mudou pra sempre. Está chovendo maçãs.
Sinais vitais conferidos, memória nova implantada, ou melhor, zerada. Agora desça as escadas do inferno e tente se manter limpo no meio da sujeira.
Sim, estou rindo. Sou um contemplativo rancoroso e no final de todas as eras eu te devorarei. Você será apenas minhoca no meu bico.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Bewitched

Eu poderia estar olhando para qualquer lugar, mas estou olhando pra você.
Eu poderia estar em outra rua, outra estrada, outra esquina, mas estou na sua.
Poderia viver como Dorian Grey e existir pela liberdade e a vaidade, mas a liberdade pela qual não vivo sem é essa que tenho com você.
Eu poderia admirar outros olhos, deslumbrar outros corpos, conhecer outras mentes, mas não consigo parar de te olhar.
Ah... eu não consigo tirar os olhos de você. Mente e ouvidos. Cada passo teu , cada riso, cada jeito, tuas faces, teu desvelo. Sou viciado no teu pacote, vigilante. Tua alma interessante. Teu corpo tão convenientemente embocado no meu. Como componente, meado, comparte. Como, meu.

Outras ruas, esquinas, estradas que se mudem. Eu não consigo tirar os olhos de você.

Mais que Palavras

''Dizendo: "Eu te amo" Não são as palavras que eu quero ouvir de você. Não é que eu quero que você não diga(...) (Mas) O que você diria se eu jogasse estas palavras fora? Então você não poderia criar coisas novas. Só por dizer que eu te amo''
(More than Words)


Palavras voam como folha ao vento e ele leva... Pra longe e em círculos, ás vezes com efeitos sonoros, zumbidos. Elas se tornam insuficientes, fracas. Apesar do grande peso terno. Sem a mãozinha jamais se fincam, elas voam belíssimas pelo vento em efeitos sonoros e zumbidos. Enfrentando chuva e sol, se rasgam como folhas. Levadas.
É preciso mais! Mais que palavras para então ter decorrências. O seu prêmio final, sua conquista.
Somos todos lutadores na vida, mas nem todos vencedores. Em algum momento você entende que não adianta nada esperar por algo que você sabe que não vai acontecer. Palavras se fincando como estacas no chão.

Esperando que elas parem de sobrevoar e se formem como algo real. Esperando que haja o entendimento de que palavras não são sempre suficiente.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Dead Man

Quando decidi mudar de vida depois de enterrar meus pais e perder minha aliança, me mudei para um faraó de pipocos. Sem saber como atirar e sem precisar de intensivo, acertei cabeças. Andei Morto por ai. E procurado com recompensa.  Uma caveira em meu rosto. Andei morto por aí. De cavalgada á canoa. De flores de papel de uma prostituta, á enterro de espírito por quem me fiz passar. Era de um escritor com mais idade que eu.  Eu disse, eu nunca entendi de poesias. Aliás, não entendia de muita coisa. Mas “Ninguém” foi meu amigo, ele só não podia me curar de mais um metal. Ele me deu cura maior, a libertação. E veio junto comigo ao me salvar mais uma vez.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Marcadores em Ordem


Te amo por sua pertinácia. Te amo porque sua boca também sabe gritar rebeldia, obstinação... 
Te amo porque não mantém em marmitex o próximo cardápio se esse enjoar. E por não enjoar, revigorar. Te amo por sua oposição. Seu lado difícil. Seu bico insustentável. Mesmo com sua insegurança sem sentido e seus ciúmes bobocas sem limites. E meus beijos se sentem estimados a cada bico desfeito. E meus braços só querem te apertar a máximo deleito. Por fim, também amo cada defeito.