Continuava ali

Continuava ali e nem sabia porquê. Continuava sem motivo ou criando alguns. Dando vida aos cardumes de brinquedo. Continuava ali e sabe lá Deus quanto tempo. Nem sabia o quão forte ou quão fraco poderia ser. Mal sabia nadar, sobrevivia boiando. Testando temperaturas. Seguindo o vento pra onde soprasse. Continuava ali como um dependente de suas próprias criações. Assim se sentia um Deus criador. Personagens misteriosos como desfile de Olinda. Continuava por uma rua estreita. Gostava das ruas sem fim e não tão claras o suficiente para enxergá-la. Apaixonado pelo mistério, ansiando uma volta para casa. Continuava como um jogador decifrando um desafio. Continuava quando sabia que não daria certo. Porque gostava das coisas impossíveis, como todo ser humano ansiando o que não pode ter. Mas continuava ali e depois pegaria suas coisas e sairia com trabalho o suficiente para criar suas artes. Porém tem feito pouco. Os  pincéis estão na última gaveta do armário empoeirado. As lousas e canetas... Os lápis e tintas... Tudo jogado em gavetas quaisquer. Mas não falta inspiração, nunca faltou. Apenas joga ao vento, sobrevoa por onde sopre. Mas isso não quer dizer que cansou de ser sozinho. Continuava ali e sempre seria sozinho. Uma vez um guru disse: " Você nunca terá um amigo de verdade" E por acaso poetas deixam de viver sozinhos? Senão não seria poeta. Continuava ali casado com sua arte. E todos que por ali passam, tem o prazer ou desprazer de estar em sua história. Continuava ali caçando personagens, mesmo que involuntariamente. Continuava ali.

Endereço Errado

Voei alto olhando no fundo dos teus olhos. Tenho total consciencia de que se eu continuar, vai ser aquele tipo de queda do caralho. Sim, tudo isso é medo talvez. Mas só porque é algo normal de se sentir. Você me faz voar e eu posso experimentar te fazer sonhar de olhos abertos. Prometo não te deixar ter sono quando a noite puder ser só nossa. Estou voando, aqui você e eu existe. E você pode me chamar de louco. Louco eu sou mesmo, creio nunca ter conserto. Louco de criações Me deixe ser melhor no que eu posso ser. Voar mesmo sem ser isso um céu. Mesmo não sendo onde eu deveria estar. O que estou eu fazendo no endereço errado sonhando com a vizinha?

Muros

Bem vindo, é real. Tudo isso, oras, é um saco! Você vai ver quando se encontrar sem saída depois dos pulos com os unicórnios. Estranhos, Jack, extremamente estranhos. E eu não sei pra onde ir depois de dar de cara com a parede de novo e de novo. Talvez haja uma placa aqui, talvez um coração. Talvez isso seja mais que um sonho mesmo. É real, como disse. Real como a mentira que nos cria. Real como o amor que existe pra fazer sentir um suprimento. A completude que não consigo alcançar só. Real é essa ilusão por não ter nada mais real pra viver. Então você sobrevive de cara pra parede tentando escalar os seus muros e os das pessoas.

Pressão

(...)-E então você está um lixo. E está assim porque se permitiu. Porque se não quer que algo te atinja simplesmente não permita.
- Ok, passou sem querer. Eu não aguentei ouvir e ficar calado.
- Mas e o teste de contar até 122917238716348 , o que aconteceu com ele? 
-Ah foda-se! Se manda, porque eu tô me mandando. Muda! Pq eu tô mudando de você
-Olha a pressão menino!
-E quem disse que na vida não é pressão pra todo canto?

Possessão

''Relaxe... está acabado, você nunca conseguirá sair! 

Eu levo seu 2º dígito comigo...Amor...''

Possessão

( Escrito por Mr. Nobody & Pollyanna Pasiphae)

Ela estava rodopiando, servindo de pose para um retrato. Um vídeo virgem para o anonimato. Antes estava chorando, pedindo risos de graça na rua, até que começou o ritual.

Os pássaros começaram a se teletransportar. Só ouviam os meus risos, mas não dava pra distinguir se era riso ou choro, o que as vezes parecia gritos. O dia virou noite. O azul se tornou laranja, até escurecer de vez. Eu não posso com as minhas veias. Não sei o que me deixou tão doido. Se foi a droga ou se foi a droga do amor. A droga do amor...

                  -Estava ali rodando, não podia parar. Senhor pare!!!!! Eu não aguento mais servir de bailarina de caixinha de musica, eu não pedi pra ser presa, eu não paguei pelos meus bons atos ainda. Por que me cobras? Como me sobras?Estou com prato giratório nos pés. Eu não posso me segurar. Como posso ser condenada mesmo com o tanto que oro.

-Sinto muito. Deus não te presenteou com as estrelas. Será minha bonequinha de vitrine. Isso só vai acabar quando eu quiser. Luxuria na sujeira, tortura por minha loucura. É fascinante, amor.

                   -Aquelas risadas me deixando surda. De onde vinham rasgando meu consciente?Destroçando minhas roupas. Eu posso sentir o cheiro de morte.Enigmas no CÉU. De quem é o céu senão...

-Nosso!
Menina frágil, menina boa. Instituto de benevolência. Olhos de oceano, pele de marfim, minha boneca elegida. É amor, esse que eu nunca senti. Você veio dos meus sonhos e agora eu vou te cortar pelas beiradas.

                   -Senhor, eu rezo...Que a loucura não o tome. Que a maldade não vença. Que o amor insista. Núcleo de essência explane ambiente. Desfaz morbidade. Senhor, olhai por mim.

-Isto machuca. Nunca tive justiça por mim, clamores de nada vale se nada pode fazer. Porque não há ninguém, só você.

-Não... Mostre-te o caminho, Senhor.

-E ainda sim insiste em não falar comigo! Asissem. Há... Tesouras. Retalhos.

-Rezo para ser ouvida. Clamo enquanto á esperança. Deixe-me ir até jamais.

-Não dá pra te deixar ir. Você está lacrada. Teu jamais sou eu e tudo que eu quero é você pra mim. Ternura de anjo para meu mundo podre. Deixe-me entrar. Deixe-me entrar, eu posso te tomar. Você não pode lutar, porra! Inocência de lama. Me deixe sujar, me deixe entrar. Tomar o que há mais belo de ti. Compartilharemos os drinks no final. E então depois da dança há banquete. O banquete de um mestre. A vida por outro ângulo. O reino à tua espera. Você é minha. Um sonho, realeza.  Um pesadelo pode ser qualquer coisa, dependendo do ângulo que se vê. Das visões turvas. Do querer. Tomar-te-ei enfim. A força será se não queres abandonar teus termos. Meu lacre...Meu drink do Éden.

Você viu?

Sacrifício!

Veja, não doeu tanto assim...

Você e eu...

Eu e você...

Inseparáveis, ...
Viveremos para ...
Sempre.

Je porte

Peu importe, je m'en vais. 

Et ce n'est pas grave. 

Si vous aimez ou pas 

Encore plus ...

Não importa, estou de saída.

Não importa e tanto faz.

Se gostas ou não

Até mais...