quinta-feira, 28 de junho de 2018

Continuava ali

Continuava ali e nem sabia porquê. Continuava sem motivo ou criando alguns. Dando vida aos cardumes de brinquedo. Continuava ali e sabe lá Deus quanto tempo. Nem sabia o quão forte ou quão fraco poderia ser. Mal sabia nadar, sobrevivia boiando. Testando temperaturas. Seguindo o vento pra onde soprasse. Continuava ali como um dependente de suas próprias criações. Assim se sentia um Deus criador. Personagens misteriosos como desfile de Olinda. Continuava por uma rua estreita. Gostava das ruas sem fim e não tão claras o suficiente para enxergá-la. Apaixonado pelo mistério, ansiando uma volta para casa. Continuava como um jogador decifrando um desafio. Continuava quando sabia que não daria certo. Porque gostava das coisas impossíveis, como todo ser humano ansiando o que não pode ter. Mas continuava ali e depois pegaria suas coisas e sairia com trabalho o suficiente para criar suas artes. Porém tem feito pouco. Os  pincéis estão na última gaveta do armário empoeirado. As lousas e canetas... Os lápis e tintas... Tudo jogado em gavetas quaisquer. Mas não falta inspiração, nunca faltou. Apenas joga ao vento, sobrevoa por onde sopre. Mas isso não quer dizer que cansou de ser sozinho. Continuava ali e sempre seria sozinho. Uma vez um guru disse: " Você nunca terá um amigo de verdade" E por acaso poetas deixam de viver sozinhos? Senão não seria poeta. Continuava ali casado com sua arte. E todos que por ali passam, tem o prazer ou desprazer de estar em sua história. Continuava ali caçando personagens, mesmo que involuntariamente. Continuava ali.

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