É o beijo da meia-noite, depois de estar com os cornos
cheios de cachaça e as palavras não saem mais como deveriam, ou apenas saem
como deveria ser mesmo. Sem égide, sem filtros. É o beijo como se o tempo nunca
tivesse passado, como se as flores na mesa de xadrez nunca tivesse secado e os
pássaros nunca voado. Ficaram os dois ali se bicando a manhã inteira. A manhã
que nunca passou. E o beijo encachaçado, virilizado, fertilizado em terra de
pra sempre onde o “nunca” não existe e nunca existirá, apenas nessa frase.