terça-feira, 25 de outubro de 2016

Obra Insólita

Vou escrever porque não posso falar, mas vou esconder nas palavras o tanto de rabisco e tentar manter as letras bonitas. E você não vai perceber o quanto estão tremidas. Nunca vai saber com que olhos olharam e se manchei o papel.
Vou escrever porque não posso recitar. Vou mentir porque já não é de mais valia. Vou me contentar porque a luta não é suficiente. Mas vou dizer-te que não é o suficiente apenas quando tão-somente um só lado luta.
Vou confessar que você não vale minha confissão. Então calar-me-ei, sem palavras e sem olhar. Rabiscarei o papel e tentarei desenhar pra mim, apenas pra mim, o que ainda não consegui entender.
Minha obra insólita, sem plágios porque é de coração e como este não encontrará.
Vou passar a frente o trono que era pra ser seu. Vou acordar, porque Alice morreu. Abdicação de reino, fúria das epopeias, voo do pássaro.
Rumbora, pois há cigarro pra abrasar.
Quando a moça passar diga que o lhe tira o ar e o que jamais tirará.

Eu escreverei como um infeliz e meus goles darei um a um. Traçando as nuvens de caminho, se não há árvores e se há espinhos. Mas se tiver, que tenha e me venha. É um lugar bom pra ficar. Longe do seu covil de fumaça, sou pássaro livre. Não mais tentarei te desenhar.

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