quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Father's Day

Ele tentou, bem que tentou, me mostrar como poderia amar. Ele me fez acreditar que o ódio anda de mãos dadas com esse tal de amor, com exemplos dentro de casa, ele me foi um mestre. Mestre das merdas postas da melhor maneira em minha cabeça. De um jeito que seria bem pra sempre e de nada eu esqueceria, jamais. Era bem assim que queria? Foi bem assim que lhe foi ensinado?
Ainda dá pra sentir minha bondade, quem sabe daqui há uns anos  isso se resolva. Mas eu vi, naqueles olhos cor de mel, os teus. Eu vi, pai, que sua bondade ainda esperava um pouco de espaço, tentando lutar contra o ódio que era grande demais. Amor dentro de ti é uma luta e com algumas amostras grátis ele sobrevive. Mas foi isso que plantaste, pai, foi isso que plantou e colhe, apenas isso. Amostras grátis de amor e raios ultravioletas de ódio, trovoadas de raiva e clima de guerra. Tens um canteiro de trabalhos, tens muitos demônios lá te tornando um, te tornando o meu.
Mas eu te amo, como lhe disse enquanto chorava. Hoje sonhei que estava morto, pai, e o sangue... o sangue estava em minhas mãos. Desculpe, pai, mas eu tive que fazer. Quando sempre fui eu que pirracei quando via as algemas em seus pulsos. Eu tive que fazer, eu tive porra nenhuma. Continuo aqui como um palhaço e aquilo foi apenas um sonho, você aos meus pés pedindo "não me deixe" e a mudança indo para o outro lado enquanto eu olhava com pena e com amor, sim amor,... aquela amostra grátis que em mim eu sinto maior. Continuemos aqui, penando e morrendo até que Deus nos corte algum caminho, nos dê outro. Sei que sangue terá no final. Ah pai, ...Como me sinto culpado de desejar tua morte, só Deus sabe.. só Ele.

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