terça-feira, 25 de junho de 2013

Frascos e Ares



Meus frascos estão ficando vazios. Alguém me disse que super-dose não mata, mas ainda sim estou matando todos.
Meus frascos caíram no chão. Não deu para ouvir o barulho porque o da cozinha era maior. Quase ensurdecedor. Eu tentei colocar os fones de ouvido, mas eu queria ouvir. Eu tentei ficar trancado no quarto e eu consegui. Às vezes não precisa se ver quando se ouve.
O som da chuva ainda persiste. Alguns trovões confundem ao batucão. É apenas a minha cabeça. E eu ainda estou acordado, tentando ficar em algum lugar. Mas nenhum lugar me parece confortável. Eu só queria conseguir dormir. Só queria ficar no escuro e ter silêncio. Eu queria estar sozinho. Sem pessoas e sem meus pensamentos. Mas isso não é tão difícil. Se eu ao menos tivesse pra onde ir...
Abraço meus frascos e canto a canção da morte. Imploro de manhã, para que acabe logo. Ainda não posso levantar. Como consegui dormir? Nem percebi... Sinos tocavam a cada hora, eu acordava e procurava algo e só encontrava dores. Acordei pintado de vermelho, mas não era sangue. Só nas partes em que tanto cocei até minhas unhas ferirem.
Estou ouvindo o choro persistente, estou tentando continuar na cama e oras tentando levantar para um auxílio, ou apenas para sair de casa. Mas não consigo. Olhei o livro de salmos e pedi para que tudo acabasse. Ando olhando pros lados e me certificando de morte. Cadê? Onde foi? Pagarei por isso? Não sei... O que sei é que levantei e me atrasei para a vida, como fiz por anos e anos. Terei paz quando a morte me presentear... Mas quanta coisa desnecessária! Quanta bagunça uma pessoa pode fazer por mero drama e carência. Eu preciso respirar outros ares.

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