terça-feira, 20 de junho de 2017

Teu sexo viciante

Neste instante já não sou nada, 
somente corpo, boca, pele, 
pêlos, línguas, bocas. 

E a vida brota da semente, 
dos poucos segundos de êxtase. 
Tuas mãos como um brinquedo 
passeiam pelo meu corpo. 

Não revelam segredos 
desvendam apenas o pudor do mundo, 
descobrem a febre dos animais. 
Então nos tornamos um 
ao mesmo tempo em que 
a escuridão explode em festa.
(Claúdia Marczak-O segredo da noite)



Estava eu pesquisando papeladas do trabalho, quando ela me liga com aquela voz manhosa  e aquele sotaque que não resisto “- Amor, vem me buscar”. Como combater a isso? Imaginando sua boca carnuda, nesse momento, bem coladinha no telefone, pedinte. Idealizando sua cara safada. Consegue imaginar a minha? “-Ok, irei resolver teu problema”, respondi, prometendo atender seu pedido de uma paradinha em algum lugar. Como consegue me tirar do sério pro sacana numa linha tênue tão facilmente, eu não sei.
Agilizei tudo e cheguei mais cedo porque com aquela voz e aquele pedido, eu não pensava em outra coisa. 
“-Veio trabalhar pra matar assim de propósito pra me pegar na hora da saída?”
“-Não via a hora de chegar a hora da saída.”
  Avançada, sentou em meu colo enquanto eu dirigia. Estava mesmo afim de uma aventura, perguntou o quão centrado estava na direção e resolveu me testar. 




A expressão ‘Cair matando’ é ótima para a situação. Às vezes a visão da estrada embaçava, mas até que estava indo bem, não cometi nenhum acidente, apesar de manter bastante os olhos fechados. Obrigado às grandes retas que a vida dá. Deixe-a com as curvas.
Paramos o carro á deriva da estrada e nos enfiamos entre as arvores. Ela definitivamente não queria parar de ‘matar’.
“-Eu te disse ontem. Te disse que estava com saudades.” Ela gosta de falar com a boca cheia e eu... Eu gosto de olhá-la tão mal educada.

Tão esfomeada e tão excêntrica em suas variações. Anjo e demônio. “-Puta que pariu! Ah, Você é a melhor!”. Sem boca fechada... Que seja pra gemer, falar, respirar, xingar. Ahhh...xingar! A verdade é que não conseguimos ser mudos. E que não te mudes, meu bem.
Somos só eu e você quando todos se vão, isso porque mandamos todos pra puta que pariu enquanto ainda estão aqui. Não existe mais ninguém. Tua boca se encaixa em qualquer parte do meu corpo. E eu me encaixo em todo teu ser. Sou eu atrás de você e teu corpo contra a árvore. Somos eu e você em qualquer lugar. Exalando..Transpirando veleidade, bel-prazer, tesão,... amor. Até chegar no auge e morrer por instantes de... amor. E então ressuscitamos num beijo, sussurrando gemidos após gozo da maneira mais suja possível. Adentro, na cara, no corpo, abocanhando e engolindo tudo. Eu e você e mais ninguém. E isso vicia. Estou totalmente viciado neste nosso ritual.

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