De repente percebi que tem mais alguém que ama meu lado louco, feio e demoníaco. E eu não me sinto esstranho. Ela até parece comigo, usa minhas máscaras, e mesmo com essa cara de anjo que vai reclamar no primeiro beliscão...ela quer trocar uns tapas, ela gosta de agressão, trata de um doce amargo na ponta da língua. Ela é o céu a caminho direto para o inferno e juntos fazemos o circuito de volta. Assim ninguém morre de tédio.
As flores queimaram todas no jardim, junto com o fogo que colocamos nas coisas daquele quarto antigo, mas tudo bem ninguém gosta delas mesmo. A gente vê beleza no caos. Curtimos o som dos trovões. Pintamos a cara e saímos por aí, disfarçados em dia de crime.
Ela fica cantarolando músicas sem sentido, em um ritmo sem sentido. E tem uma risada de filme de terror. Ela pega a chave e arranha as paredes, arrasta os móveis fazendo barulho.
- Deixa de bagunça , Candy. Vem aqui e me beija.
-Cala essa boca- Ela disse e só senti minha cara arder. Ela não gosta de romantismo barato e nem de palavras repetidas. A gente gosta de manter o sangue quente e do seu gosto na boca. A gente gosta de morrer toda vez, só pra nos sentir mais vivos.
