Nunca vou esquecer, e todo ano, quando essa data chega, a dor se esconde em mim semanas antes, disfarçada de cansaço e desanimo, de um vazio que não explica. Aí eu lembro de você. Outro dia, vi seu rosto numa mulher na rua, o mesmo jeito de inclinar a cabeça e de mexer no cabelo, o mesmo brilho fugaz nos olhos. Foi como se você tivesse vindo me visitar, sem aviso, só pra me fazer sorrir por um instante. Hoje, porém, a tristeza pesa mais. Logo mais, seria seu aniversário , aquele dia que era o melhor dia do ano pra você. Você sempre insistia tanto nos presentes, nas coisas palpáveis e materiais, como se elas fossem prova de algo maior. Mas de que adianta? As coisas ficaram aqui, empilhadas em silêncio, e você... você virou uma saudade que não cabe em mim.
Às vezes, sinto você num vento que cruza, num cheiro de feijão que tentamos fazer igual, naquele enfeite que mantenho até hoje na janela, ou numa música que toca do nada e me faz parar. Não digo isso em voz alta, porque parece loucura, mas é como se você ainda rondasse, deixando pedaços de você em coisas que não explico. Queria ter dito mais, mãe, coisas que guardei por achar que haveria tempo. Queria ter te abraçado mais forte, perguntado mais, ouvido mais. Hoje, escrevo pra você, sabendo que não vai ler, mas esperando que, de algum jeito, você sinta. E eu sei que sente…
Te amo, mesmo que o mundo não veja, mesmo que as palavras não cheguem. E, de algum lugar, sei que você sabe por fluidos, pensamentos ou coisas assim.
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