terça-feira, 27 de dezembro de 2011

INQUIETOS

A casa estava vazia, os pais dela tinham ido passar as férias bem longe, era um alivio, ela odiava os pais. Eles costumavam ficar jogados naquele canto fora da casa e dividir as seringas. Era uma casa de ferragens. Emanavam cheiro de sexo recém feito.

Enrolavam a borracha no antebraço e se aplicavam. Ele soltou por último a seringa no chão. Olhando em seguida o rosto dela extasiado. Era o único momento que eles estavam livres de tudo, dos problemas, da vida dura, do trabalho e dos estudos que não pediram, das pessoas enchendo o saco. Era o nada naquele momento, era o vazio.

As portas começaram a bater sem parar, algo louco estava acontecendo. O telhado desfazia-se, as paredes sumiam do nada. Um grito, um grito ardente, agudo, urgente. Ai minha garganta. Ei ei ei, acorde. Está tendo uma tempestade, vamos fechar a casa. Olhe para mim. Olhe, olhe, enxergue. Puta que pariu me enxergue. Gritou. Vamos fechar a casa ande. Ignorou pegando-a pela mão e a direcionando pela casa.

Os gritos soavam baixos e iam aumentando, onda do som ate me estremecer "Acorde, acorde" "Estou enxergando. Diabos! O que está havendo?!" Eles se levantaram alucinados em perfeita bagunça ambulante. Ainda sem algumas peças de roupa, e nem importava se estava ou não. O que importa? Perambulavam abaixo da Lua Cheia e o céu incrivelmente sem estrelas, apesar da noite bonita. Mas tudo estava ficando quente, a lua avermelhada. Ele apontou "Olhe"

Num segundo tudo parou. Silêncio, muito silêncio. Os olhos, os olhos. Ele pensava enxergar. Oh tristeza. Tudo bem. Não o culparei. Abafarei meu grito. Tudo gira. Sente o vento, o cheiro. Abro os olhos. "Olhe". Estou olhando. Sorri, algumas lágrimas caem. Ela o abraça, ela o agarra; ela o arranha lhe morde os lábios. Ela o chama de meu e diz "Agora seremos prisioneiros da lua". Sim, seremos. Somos. E lá estava ela a contemplar a lua, por não se sabe quanto tempo.

O que é feito da arte de compreender e não compreender e fingir compreender?Que se dane o mundo. Eles se tinham à beijos e mordidas. Ele parou de repente sacundindo-a, chamou seu nome várias vezes "Meteoro" "Não pode ser lua" "Er.. contempladores.Somos". Perfeição é perfeição, é. Qual o limite da insanidade?

Meteoro. Sim, um meteoro, algo que vem e lhe destrói, lhe acaba, lhe mata. Mas continua sendo lindo, um milagre. Milagre? Milagres não existem. Estou louca. Limite? O que são? Eu não me imponho muitos. O único limite que temos agora é o infinito. Vamos aproveitar. Transar e beber até o dia raiar. Até o mês que vem. Vamos do início ao fim sem passar pelo meio, o fazendo de um novo início. Corre. Por que estamos correndo? Meteoro. Risos de desespero e angustia. Tropeçamos. Voltamos a nos comer. Que se foda, vamos foder. Eu te amo.

Ele ouvia a voz dela em desespero, em felicidade, sensualidade. "lindo" - ela dizia. "Milagre". Não, não existem. O efeito acabaria em alguns instantes, horas? Quem dera se pudesse continuar permanente. Mas não teria problema a gente faria de novo... Até o mês que vem.Cortaremos então. Cortaremos o meio. O chato. A embromação. O casalzinho brigando no meio da novela para ficar junto ao final. Estávamos esparramados ao chão. Que limites? Não vemos nenhum. Aliás, não via nada. Ela via?. Ele sentia, se sentia todo dentro dela. E ouvia novos gritos.

Oh por favor, de onde tirou isso? Do tesão. Sim, tesão. Aquele corpo colado ao dela, os olhos perdidos no mesmo mundo onde os dela se encontravam. As bocas em perfeita sinfonia. As respirações alteradas. Os punhos cerrados. Ele dentro dela. Que tesão. Que perfeição. Por Deus, eu não quero que isso acabe nunca. Eu quero para sempre esse terno bailar frenético de início e fim, sem meio algum. Eu quero para sempre essa eternidade de incompreensões perfeitas. Eu quero para sempre esse meteoro!

Força, força sem esperar, não mais, está perto, perto de novo. Explodimos. Foi então que começava a chover. Eles confundiram com neve. Agora estavam deitados de barriga pra cima comendo neve, era o termo que usaram, enquanto abriam a boca e deixavam a água entrar até tossir. E riam.. Como riam!




By: Mistério & Loucura

2 comentários:

  1. Era uma ver no inferno, le pitele te inicensce. Um, dois e voilá.

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  2. Eu olho nosso passado e fico feliz, fico muito feliz, por tudo sabe? Por eu ter mudado, crescido, por eu ter começado a entender melhor as coisas e à tempo (quase que não dá tempo) de poder lhe ter em minha vida, de verdade Deep, você é um grande amigo à mim, e minha felicidade hoje é grande justamente por isso não ter acabado!

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