sábado, 24 de março de 2012

Devo(ra)ção

-Não sei qual a parte que você não entendeu. Você me inflama, me expulsa e me puxa. Você é sádico, gosta da tortura tanto quanto eu. É nefasto, danoso. Maldita seja o gosto pela intensidade, maldita seja a força que tú escreves, maldito seja tu.
-Amaldiçoado seja o perfume que dissemina-se de tua pele, a lentidão do teu sorriso, o jeito que cruza as pernas, e como me diz 'não' primeiro para dizer 'sim' em seguida. Amaldiçoado desejo insaciavel, essa manifestação de volúpias, maldita sejas tú.
-Assim feito um reflexo de tuas vontades, me entrego. A fome, ao delirio, a vontade de ser um só. Você é meu caos, meu inferno, minha sede. E tenho mais raiva que não posso transformar infinito. Meu apoderamento, posse renegada. Eu não posso congelar pra sempre esse momento, eu nao posso ser mais , mais que mais uma.
-Temos consciencia e gostos embaralhados. Temos os corpos suados e descargas eletricas. Para que pensar ? E se não fossemos tão nossos seria assim? Se estivessemos um para o outro tão fácil não teriamos faíscas. A intensidade, seria forçado posessão. Não sentiria teu fluxo com tanto prazer. Não chegariamos ao inferno caindo para o céu tão devagar enquanto nossos corações estariam a mil, se acalmando com o corpo do afoito, calmaria. O instante interminavel, sua respiração em meu ouvido. Conseguimos voar, tão alto.
-Inferno na minha mente a rondar. Te odeio por ser tão sombras e luz. Esses seus olhos que tenho vontade de arrancar eesmagar, esses olhos tão bonitos me alimentando de confusão. Porque tanto poder sobre mim? Porque logo eu ? Ou logo você. E quando se vai, animal atormenta meu sono.Por horas cantando a musica de teu corpo. E rezo para que permaneça mesmo que perdido. Eu abriria mao e viveria sempre no pecado. Adapta a ti.




"Soneto de Devoção

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica em meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! - uma cadela
Talvez... - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!"

(Vinicius de Moraes)

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