sexta-feira, 4 de maio de 2012

Olhos de fúria


"Ficamos em guerra e foi de repente. Onde há amor, há ódio.
Ele segurou meu braço e perguntou onde eu pensava que estava indo. Eu só queria correr pra longe e respirar.
A ânsia de vomito não passava, era algo que não podia controlar quando via aquele rosto e olhos em fúria.
"-Parece que está tomado por um demônio" Ele gritava, quando só eu via o próprio demônio na minha frente. Eu nunca quis lutar com meu pai, mas essa foi uma batalha necessária.
Sentei-me no chão frio cimentado e abracei minhas pernas, eu pedia pela morte dos dois incessantemente. Ninguém poderia ouvir meus ruídos, a música lá fora estava alta demais, mas ainda sim eu ouvia todas as garrafas de cerveja se quebrando uma a uma, ou todas de uma vez. É ruim acordar sem saber se vai viver até a meia noite para começar um novo dia. É ruim ser um prisioneiro dentro da sua própria casa. Ser obrigado a ficar dormindo com o terror de uma boca de arma na sua cabeça.
Eu cresci aos gritos, marcado a ferro. Tenho o coração de minha mãe, mas os olhos... ah os olhos! Os olhos dele são meus agora. " (Raizo L.)

"A salvo longe do mundo
Em um sonho, domínio infinito
Uma criança, olhos de sonhador
Espelho da mãe, orgulho do pai."
(NW)

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