sábado, 25 de agosto de 2012

Inferno CLub


Chegamos no local sem ser reconhecidos éramos cinco ou seis. Eu estava vestido de preto e jeans, um capuz para pré-vergonha. O lugar era quente, a música alta. Tocava alguns daqueles eletros que ninguém sabe quem está cantando e tão pouco importa. O que vale é a sensação e o corpo caindo no ritmo, postar-se diante do mundo, de um inferno club.
Os copos cheios passavam em roda liberadamente pela casa. Não sei quantos eu cheguei a beber de uma vez até aceitar a primeira bala. A batida se tornou inebriante e era quase impossível ficar parado.

Eu achei que tivesse algum problema com a dançarina do queijo, mas ela só estava drogada. Senti alguém me puxar pelo braço e eu já estava no centro da pista, dançando a música que mais odeio da Gaga, ou de outra cantora, nunca se sabe quem está nos vocais. A mulher virou de costas e me fez abraçá-la e aquele perfume doce invadiu minhas narinas, era um cheiro familiar e ele não combinava com aquele momento.
Uma bala foi passada pela língua provocante, ela dizia que adorava Turn Me On e quebrava o corpo dançando de forma mais provocante ainda. Parecia gritar a onda da música cantando “Come on and turn me on”, deslizando as mãos pelo meu peito, abrindo os botões da minha blusa.
A cabeça começou a rodar, mas eu me sentia incrivelmente feliz. De começo queria me concentrar no som para esquecer de tudo e agora nada me fazia concentrar. As luzes piscavam sem parar, azuis, verdes e sei lá mais que cores. TVs passavam vídeos excitantes para o momento. E aquele cheiro de morango e gosto de halls dos beijos dela.
Ela gritava no meu ouvido para que eu pudesse ouvir, seu nome. -Antes tarde do que nunca, eu disse. Só então pude ver que ela usava uma lente azul que deixava seus olhos quase brancos, indecifráveis. Ela perguntou o meu nome e eu menti. Então ela me puxou novamente e me beijou gentilmente agressiva. Insinuante passava a mão pelo meu corpo e involuntariamente gemeu quando comecei a beijar seu pescoço. Senti-a me empurrar e deu impulso ao seu corpo para o meio da pista, dançando uma mais nova música que começara e mais uma vez eu não tinha a mínima idéia de quem cantava, mas ela... Ela incorporou, subiu no queijo novamente e dançava olhando pra mim, me chamando, mas eu não tive coragem ou talvez não estivesse drogado o bastante. Ficou até terminar e voltou para os meus braços. Ela não tinha muita roupa e o que vestia era colado e bem sexy, não muito vulgar. Entornamos um exorcismo e rimos daquilo, álcool puro. Pra falar a verdade, bem ruim, mas eu fiquei calado segurando pra não tossir, mas que merda! Perdi meus amigos, ou melhor, meu amigo e os outros dele.
Ficamos ali no segundo andar onde tinha mais fumaça do que qualquer coisa, mais fumaça que pessoas. Ali era local do rock, tocava algo parecido com Rammstein. Poucas pessoas dançavam surtamente na pista. Preferimos ficar no canto mesmo com nosso cheiro de sexo. Ela era toda pequena, chupava as balas com balbúrdia e sempre que bebia molhava-se toda.
Ela segurou-se em meus ombros e jogou o corpo pra trás, fazendo sua dança rebolativa, movimentando os quadris incessantemente. Totalmente insana. Suas unhas faziam estragos e aqueles gemidos genuínos podia –se ouvir apesar daquele irritante Black metal. Ela pendeu o corpo pra frente cheia de si e de mim também. Meu momento de transe passava aos poucos. Depois de frenética ela ria e voltava a beijar minha boca, desenterrando as unhas da minha pele judiada por elas.
Passado um tempo ali quietos no meio de fumaça, perguntei onde estávamos. -Nuvens? Em um céu com paredes pretas? E ela disse: -Bem vindo ao meu inferno, súdito. Rimos e voltamos para a pista numero 1. Um dos cinco ou seis, gritou “achei” e meu amigo veio até a mim dizendo que a casa fecharia em meia hora. -Mas como? Indaguei. -Já são 6 da matina, braço.
Minha gata borralheira puxou meu braço e fez beicinho. -Ainda temos meia hora ate acabar com toda aquela bebida do bar e dançar as ultimas do David Gueta.- Disse rindo e me puxando. Mas eu conhecia de um jogo que aquela música era do Flo Rida. Arrastado, eu fui, o efeito tava passando, e as energias esgotadas, mas dançamos até a pista desvaziar. 

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