Anny sentou- se a pedra. Suas roupas em panos soltos, tão
brilhante por fora e fosca por dentro. Passou sua vida acreditando numa caixa
de pandora, pensava ser uma coisa boa. Mas é como um pacto, você se dá bem e
depois amém.
A festa estava um porre, mal conseguia sorrir cordialmente.
Sua especialidade era sumir sem que ninguém notasse, não foi difícil desta vez.
Pessoas riam e brincavam, bebiam e gesticulavam alegres com todo aquele luxo.
Será que eram assim tão felizes mesmo?
A cabeça rodava e nem era o Whisky , apenas confusão. Desceu
as escadas com pressa como sempre fazia. Seus cabelos a favor do vento, escuros,
ondulados e longos. Estava um breu aquela noite, preferiu sentar-se entre as
pedras em um lugar que ninguém a veria. Era insubstituível todo aquele vazio
dentro de si, maior que a imensidão daquele breu. Céu , mar e noite.
Mas nunca conseguia ficar sozinha. Tentava ficar o máximo
possível em silêncio, pois dentro de si tudo gritava. Pensamentos loucos e
contraditórios. A certeza que tinha de que foi a escolha certa. Pensou naquele
sonho, sentada numa cadeira na sala enorme, em um tipo de mansão. O casal da
costa leste tomava banho de cachoeira inconsequentes e de repente os dois
olhavam pelas grades e diziam : ”- Nós nunca ficaremos assim, pois temos um ao
outro. Preferimos ser felizes com pouco.” Mas lá estava ela sozinha, sentada
nas pedras, olhando o casal no mar.
Sem arrependimento, jamais se culparia por escolher o melhor
pra si. Culparia o destino. Culparia seus sonhos e enfatizações. Culparia seu
coração por ser tão amável. Culparia Eduardo.
Sem mais bem-me-quer, sem mais sonhos de menina, sem
vingança
-Anny, o que faz aí sozinha?- Dizia o índio espiando por
uma pedra.
-Nada, só não resisto ao mar a noite. Leve-me de volta.-
Assim ela escondeu a lágrima, engoliu a tristeza e voltou para a festa.
"Fui pra longe, porém queria ir mais." |
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