sábado, 30 de junho de 2012

"Born Free"


Eu vivi nas trevas por um longo tempo
Ao longo dos anos meus olhos se ajustaram até que a escuridão se transformou no meu mundo e eu pude ver. E então acenderam a luz e minha memória se inundou e agora estou cego. Não tenho muito tempo. Tenho que encontrar, mas por onde começar a procurar? Não consigo pensar. Está muito claro.
Você me manteve aqui curioso em pistas que não pararam de aparecer, você me manteve perto demais de mim mesmo, mais do que eu achava que poderia estar. Eu me descobri em passado, presente e futuro. Pouco menos de incógnita, pouco menos a desvendar. Você me deu presentes em chacina, literalmente até em uma arvore de natal. Mostrou-me que eu nunca estive sozinho, mas eles me esconderam isso a vida inteira. Eu não me importaria que te levassem comigo, quando éramos apenas crianças mergulhadas ao sangue da tragédia. Quando nos tiraram tudo. Sua única lembrança de família e a única que restou, eu.
Agora estou gostando mais de você, agora que está perto da morte. Mas você sempre me fascinou e eu até te amaria de volta como quando tinha 3 anos de idade.
“Não se pode ser um assassino e um herói” você disse. Mas eu não pude, não matando uma irmã, mesmo que ela nunca saiba quem eu sou e se soubesse me rejeitaria. Sim, por isso as coisas não dão certo sempre, porque não funciona assim, ser herói. Até que isso é fascinante.
Você fez mais do que qualquer um para merecer minha faca e eu precisei fazer logo para que te calasse. E agora não há mais um ser vivo que agüente a minha verdade, porque o único que me levaria pra onde realmente pertenço seria você. E você se foi. Porque nunca se conteve. E era como eu, só que sem os códigos de sobrevivência, essa é a diferença entre nós e o porque estou vivo.
A dança do meu diabo com o seu demônio no tumulo do violinista está longe de acabar. Às vezes imagino como seria se tudo que escondido dentro de mim fosse revelado. Mas eu nunca saberei. Vivo me escondendo. A minha sobrevivência depende disso. Imagina só, minha escuridão revelada e meu interior acolhido. É assim que eu queria me sentir. É por isso que entristeço. Seria questão de aceitação ou questão de querer ser herói e não poder ir contra a idéia de assassino? Ser mocinho e vilão ao mesmo tempo.
Estou aqui...
Eles me vêem e eu sou um deles. Nos seus sonhos mais sombrios
E por aqui continuarei
Born Free....

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.