Pelo caminho que os pássaros traçavam. Pousava de galho em
galho para que pudesse seguir, para que pudesse ver que as coisas estavam
diferentes naquele local...
Costumava haver mais pássaros por aqui e de diversas cores. Essas
águas não eram tão escuras. E bem aqui na beira para o rio, havia um caminho
que podíamos descer por ele para molhar os pés, alimentar peixes ou colher
bananas do outro lado. Em frente o verde tomava o lugar, uma arvore mais
torneada que a outra.
Esse quintal também era maior. A direita colhia frutas que
chamava de um nome engraçado, não me lembro mais. Era também um lugar de se
esconder, bem atrás da casa de ferramentas. Era bom ficar por ali, o céu dali
parecia mais limpo, via as gaivotas voarem baixo e bem alto aviões do qual fazíamos
sinal iguais bestas. Ali bem a esquerda, nascia a dama da noite, era um pomar, podíamos
sentar sem machucar as flores. Mais ao lado uma grande montanha à escalar, eu
era o rei do mundo ali em cima, podia vencer todos com uma super espada feita
de folha de bananeira. O caminho era grande, saia no grande castelo com um
abismo de fogo, só quem passava por ali eram os que podiam voar com enormes
asas, dando a volta os zumbis moribundos vivendo ali já sem sentido, alvos de
informações, mas eles não eram tão fáceis assim, sofriam de um profundo mal
humor. Mas era por ali que garantíamos munição, armas raras e o antídoto para
servirem de cura às piores doenças. Não bastou alguns anos para complementar bruxos, demônios, matadores de
aluguel, vampiros e lobisomens todos contra uns e a favor de outros? O que
daria se juntasse um grande poder ao outro? Mas era sempre muito difícil. O
mundo era muito negro para conciliar todos de repente.
Correu os olhos pelo
lugar, sorriu e entristeceu. Tudo está diferente, falta uma parte essencial. A
chuva levou o caminho para rio, a chuva levou as frutas, o pomar e as
montanhas. De pé no que seria o meio, agora é fim. E não há tantas árvores
assim, umas foram cortadas, outras secaram e umas estão ai ainda, menores. O pássaro
ficou triste. Sempre me indaguei como animais choravam e fiquei pensando se ele
estava ou não. Deu-me vontade.. Cheguei perto, ele voou, atravessou o rio através
da ponte que a chuva também levou. Meus passos retardaram, decidiram voltar.
Aquele era o cajueiro Power ranger, ele também se foi. Agora ali tem duas casas
a mais... Antes havia mais lugar para brincar e correr. Agora parece tudo ter
pouco espaço, um lugar pequeno demais para tanta coisa. A todo o momento tem
algo ou alguém para te lembrar que as coisas mudam. A todo o momento, sempre
mudam. Até as mínimas coisas te mostram isso, pode ser uma pessoa, uma árvore,
um lugar, um rio, uma placa, um desenho, um lápis, uma pedra...
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