segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O que não existe mais

E agora?
Queimaram as fotos. Não há quadros nas paredes. Pintaram as paredes e os desenhos feitos nela se foram. Aquele jogo da velha na noite de insonia que meu pai riscou depois de não ter sucesso ao me fazer dormir. Nem há marcas. No fim nada fica, apenas as memorias.
As roupas não são as mesmas, nem a cama que eu durmo. Aquela janela não ficava atrás de mim e agora aquela arvore assombrosa não me assusta mais a noite. Seus galhos pareciam aumentar assim como meu olhos assustados ao fenômeno.
Eu nem me sinto invisível quando quero. Tenho que correr para muito longe pra isso. Porque cada vez mais todos se tornam muito dependentes e me avisaram que seria assim. A criança cresce e cuida de quem te cuidou.
Fico feliz de não ouvir mais aquele som irritante da caixa de música de minha irmã. Era engraçado quando eu sumia com a bailarina, mas ela logo achava, tinha um imã, ou eu não escondia muito bem.
Nosso caminho até o portão não é o mesmo, nem a distancia para o rio. Não se pode mais nadar lá também. Não que podia antes, mas naquele tempo tinha como e eu me sentia um caçador.
Olhando daqui de cima, vendo tudo mudado e nem tem mais como descer pelos barrancos para chegar na água  Ali em frente também tinha uma arvore igual aquela que me assustava pela janela a noite trazendo vários monstros ressuscitados pela minha imaginação. não tem mais. Mas os pássaros ainda vem, esses ai no céu, as "pombas da paz". Quem dera eles..quem dera.
Eu desejo que mude agora toda a minha sensação de ter mudado tudo.
Eu desejo outro lugar, outra vida, outra casa, outro jardim
Fico pensando, se quando tiver eu vou sentir falta da lembrança á olho nú de cada coisa que ainda está e do que não existe mais.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.