Seu sussurro me tomou como um arrepio gelado, percorrendo
meu corpo, esquentando o coração.
Eu me sentei por trás de todos os álbuns que colecionei de
uma vida. Sim vida, porque é tempo o bastante para chamarmos assim. E eu tenho
que te dizer eu nomeei de Azul. Apesar de muitas vezes você ter tentado pôr
fogo. É azul. De paraíso, não de chama nas alturas.
Está por trás de minhas costas, a frente da fogueira como um
chamado de Deus. Dentro de um baú. A época em que eu aprendi a voar, a época em
que eu tinha você.
Estou sentado e ouço sua voz vindo das folhas. Um tempo que
existiu e hoje me parece longe. Como se fosse em outra vida, Azul. Cortaram
minhas asas. Não sou só um aparo. Cortaram em Azul. E admiravelmente, suas asas
estão lá intactas e o eu no passado também, as minhas estão lá. As que você me
deu e hoje não existem mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.