domingo, 1 de junho de 2014

Azul


Seu sussurro me tomou como um arrepio gelado, percorrendo meu corpo, esquentando o coração.
Eu me sentei por trás de todos os álbuns que colecionei de uma vida. Sim vida, porque é tempo o bastante para chamarmos assim. E eu tenho que te dizer eu nomeei de Azul. Apesar de muitas vezes você ter tentado pôr fogo. É azul. De paraíso, não de chama nas alturas.
Está por trás de minhas costas, a frente da fogueira como um chamado de Deus. Dentro de um baú. A época em que eu aprendi a voar, a época em que eu tinha você.
Estou sentado e ouço sua voz vindo das folhas. Um tempo que existiu e hoje me parece longe. Como se fosse em outra vida, Azul. Cortaram minhas asas. Não sou só um aparo. Cortaram em Azul. E admiravelmente, suas asas estão lá intactas e o eu no passado também, as minhas estão lá. As que você me deu e hoje não existem mais.





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