segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Prenez soin de mon âme

            - Eu nunca entendi porque sua vida foi tão curta. Tão diferente da minha, que parece que nunca acaba. Por que você e não eu? Por que não nós dois juntos?


            Fechei os olhos dele como se
tivesse 17 começou a cantar e soprar seu rosto. Ei, eu posso ver você olhando pelo cantinho do olho. Tive um sorriso e meu cabelo colocado atrás da orelha. Recebi beijos nos olhos e ouvi seu boa noite. Eu ainda posso ver você. Rezei por você e por todas as minhas coleções de fotos. 
            Estou falando com as paredes. Rodando giros de fantasia. É inebriante o cheiro de álcool e o perfume, aquele mesmo da outra noite. Eu tenho asas, só pode ser. Ou é meu amor me girando no meio do quarto enquanto véus brancos envesam-me. 
            Mãe, me deixe com meus fantasmas. Eu ainda posso vê-lo caminhando para a janela. Meus portais de vidro. Eu iria com ele onde ele fosse, por um momento hesitei, mas lá estava eu.
            Senti o frio bater. Como sinto sua falta, meu amor fazer amor na janela, seus braços me abraçando por trás. Parece que ele não ouve o que eu falo. No entanto eu posso ouvir o sussurro tão real em meio ouvido dizendo -oh meu amor- 
            É tão louco! Onde termina o direito da vida até que comece o da morte? A morte tem direitos? Sei que eu tenho o dever de subir este degrau. Senhor, me perdoe pelos meus pecados. Cheguei a minha linha de chegada. Me sinto sozinha o suficiente, perdi tudo que era meu. Nada mais é real e nem o bastante. Não sei porque tenho que continuar a viver se nada mais me faz sorrir.
            Quem sabe agora eu o encontro depois de ficar perdida tanto tempo. De ficar perdida como uma criança que não sabe de nada. Eu só preciso sentir seus braços quentes novamente e não frios como um gelo deste fantasma que me persegue.
             Esse é o último frio que sentirei, esse do lado de fora da janela. Esse, do vento em meu rosto enquanto eu caio. Agora estou sorrindo, vou encontrá-lo através do tempo. Através da batida no asfalto.
    Deixo meu corpo, leve minha alma com você.

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